A SINGULAR WOMAN – THE UNTOLD STORY OF BARACK’S OBAMA MOTHER
Janny Scott
Riverhead Books, 376 págs.,US$ 26,95
Barack obama é um enigma. Mas, ao escrever uma biografia sobre a mãe dele, a jornalista americana Janny Scott acredita ter desvendado alguns de seus segredos. Conhecer Stanley Ann Dunham significa expor a psique do primeiro presidente negro dos EUA, acredita a autora de A Singular Woman. No prefácio para a edição de 2004 de Dreams From My Father, escrito nove anos depois de Ann ter sucumbido a um câncer, Obama reconheceu a importância da mãe. “Se soubesse que ela não sobreviveria à doença, teria escrito um livro diferente. Não apenas meditaria sobre um pai ausente, mas celebraria a única constante em minha vida.”
Depois de 200 entrevistas e três anos de viagens, em 2008 Janny conversou com Obama, que reconheceu ter sido doloroso voltar sozinho ao Havaí, em 1971, depois de quase cinco anos na Indonésia, e passar boa parte da juventude longe da progenitora. Esse fato incutiu no imaginário americano a percepção de Ann como hippie que abandonou o filho.
Segundo a biógrafa, sua imagem corresponde à de uma branca tímida, alimentada a milho no Kansas, enquanto Barack Hussein Obama, o pai, é um queniano inteligente e carismático. Mas, aos 17 anos, independente, Ann engravida do primeiro africano a ingressar na Universidade do Havaí. A relação ocorre quando metade dos estados americanos proíbe a união inter-racial. Menos de 11 meses depois do nascimento do filho, eles se separam. Ela conhece Lolo, indonésio da universidade. Muda-se com Obama para a Indonésia, país com a maior população islâmica do mundo, onde passa mais da metade da vida. Tem uma filha. Divorcia-se. Desenvolve doutorado em antropologia. E cria programas de microcrédito para áreas rurais.
Em Dreams From My Father, Obama fala da mãe como uma idealista ingênua. Ele admitiu a Janny ter herdado algo dessa característica. A experiência na Indonésia ensinou a Obama o autocontrole. Ao contrário de Ann, cidadã do mundo, Obama escolheu a estabilidade. É americano e gosta de sê-lo. Já Ann preferiu estar aberta ao novo. – FRANCISCO QUINTEIRO PIRES, DE NOVA YORK
Publicado na edição 653 da Carta Capital (1 de julho de 2011)