Tag Archives: Folha de S. Paulo

A couple who has made a fool of everyone

CHECK A PIECE ABOUT BIG EYES, THE NEW TIM BURTON MOVIE

 

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Writer addresses the sexual violence against Native American women

CHECK AN INTERVIEW WITH LOUISE ERDRICH, THE AUTHOR OF THE ROUND HOUSE

 

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Letters of a beloved American poet

CHECK A PIECE ROBERT FROST

 

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Spiegelman says his art always goes against the grain

CHECK A PIECE ABOUT ART SPIEGELMAN

 

Traço cult de Art Spiegelman ganha retrospectiva em NY

The Jewish Museum dedica exposição ao autor de HQs clássicas como ‘Maus’

Esboços, manuscritos, originais e ‘desenhos mais indecentes’ do quadrinista repassam 50 anos de produção

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

Art Spiegelman sugere que o futuro das histórias em quadrinhos depende da aceitação dessa arte como alta cultura. “Desde os anos 1970, os quadrinhos deixaram de ser para a massa. Estão hoje nas bibliotecas, na academia, nos museus”, disse em evento antes da estreia de “Art Spiegelman’s Co-Mix: A Retrospective”, no mês passado.

Em cartaz no Jewish Museum, em Nova York, até março, essa é a primeira retrospectiva de Spiegelman, 65, em território americano. Ele telefonou para a direção do museu e contou que o escolhera como a única instituição a exibir o seu trabalho nos EUA.

 

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A mostra explora os 50 anos de produção do quadrinista ao reunir mais de 300 esboços, manuscritos e originais.

Ela segue a tendência da chegada gradual dos quadrinhos aos museus, como provam “Masters of American Comics” (2005), organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, “Comic Abstraction” (2007), sob a curadoria do Museu de Arte Moderna de Nova York, e “Modern Cartoonist: The Art of Daniel Clowes” (2012), no Oakland Museum.

A retrospectiva se inicia nos anos 1960, quando Spiegelman, aos 15 anos, criou “Blasé”, seu fanzine satírico. Adolescente, ele conheceu o trabalho de Harvey Kurtzman, o fundador da “Mad” e seu “herói”. “Os desenhos grotescos e transgressores da Mad’ mudaram a minha vida.”

 

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Spiegelman se envolveu nesse período com os comix, os quadrinhos underground. Tratou de sexo, drogas e violência, temas banidos pelo Comics Code Authority (órgão criado nos anos 1950 para censurar HQs). “Os meus desenhos mais indecentes estão nessa exposição”, disse, após tragar um cigarro eletrônico.

Em 1971, mudou-se de Nova York para São Francisco, a meca dos comix. A atmosfera da contracultura o saturou. “Sou do contra, mas não confunda isso com libertário.” As ideias dos hippies e do feminismo não o seduziram. “Estava no meio dos movimentos sem seguir nenhum.”

Segundo a curadora Emily Casden, Spiegelman “amadureceu” nos anos 1970, quando se concentrou nas estruturas narrativa e visual dos quadrinhos, lançados pela Companhia das Letras no Brasil. A antologia “Breakdowns” (1977) exibiu os primeiros elementos autobiográficos.

Ganhou notoriedade com os dois volumes de “Maus”, publicados em 1986 e 1991.

 

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Em “Maus”, ganhador do Pulitzer em 1992, Spiegelman relata a experiência do pai como sobrevivente do Holocausto. A obra, cujo manuscrito está na retrospectiva, persegue o seu autor desde então.

Spiegelman diz ter desistido das HQs. Nos últimos 20 anos, fez ilustrações para a revista “The New Yorker”, escreveu livros infantis, publicou “À Sombra das Torres Ausentes” e iniciou projetos com dançarinos e músicos. Detesta ser lembrado apenas como o autor de “Maus”.

James Agee’s moral effort against social and economic injustice

CHECK A PIECE ABOUT COTTON TENANTS, THREE FAMILIES BY JAMES AGEE

22/08/2013 – 12h32
Reportagem de James Agee que inspirou livro clássico é publicada na íntegra nos EUA

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Sob a encomenda da revista Fortune, em 1936 James Agee viajou com o fotógrafo Walker Evans para o Alabama. Ali escolheu três famílias de meeiros brancos que cultivavam algodão e escreveu sobre as suas condições miseráveis de vida. A Fortune nunca publicou a reportagem de Agee.

 

Floyd Burroughs and Tingle Children.  Walker Evans/ Library of Congress

Floyd Burroughs and Tingle Children. Walker Evans/ Library of Congress

 

Cinco anos depois, essa experiência no Sul dos Estados Unidos veio à tona com a publicação de “Elogiemos Os Homens Ilustres”, livro transformado em clássico nos anos 1960. Surgiram desde então duas suposições: ou a matéria de 1936 não foi finalizada ou ela era jornalisticamente impublicável.

O lançamento recente de “Cotton Tenants, Three Families” (Melville House) esclarece a dúvida. Editado por John Summers, o volume reúne a íntegra da reportagem de Agee recusada pela Fortune.

Summers refuta a hipótese de que o texto não seria jornalístico. “Essa ideia é possível se assumirmos a abordagem tacanha e a hostilidade à boa escrita como prerrogativas do jornalismo”, diz.

Editor da revista The Blaffer, Summers soube da reportagem, guardada na casa de Agee em Nova York, depois de o acervo do jornalista e escritor americano ser transferido em 2010 para a University of Tennessee.

 

William Fields. Walker Evans/ Library of Congress

William Fields. Walker Evans/ Library of Congress

 

“O manuscrito apresenta um estilo jornalístico praticado nos anos 1930”, diz David Whitford, editor da Fortune. “É um grande mistério não ter sido publicado.” Para ele, “Cotton Tenants”, por ser uma reportagem, difere muito de “Elogiemos Os Homens Ilustres” (Companhia das Letras), “um livro quase impenetrável, marcado pelos numerosos detalhes, pela poesia, pelo fluxo de consciência e pela meditação espiritual”.

Segundo Whitford, a Fortune que em 1932 contratou Agee – repórter cuja “orientação política tinha mais a ver com a do Partido Comunista – não receava propor questionamentos radicais”.

 

Floyd Burroughs, Jr. Walker Evans/ Library of Congress

Floyd Burroughs, Jr. Walker Evans/ Library of Congress

 

Em uma carta de 18 de junho, redigida dois dias antes de viajar para o Alabama, Agee mencionou “dúvidas consideráveis” sobre “a má vontade da Fortune” em relação à sua reportagem.

“A causa principal da recusa foi a substituição dos editores da revista enquanto Agee estava no Sul”, conta Dale Maharidge, professor da Columbia University e ganhador do Pulitzer Prize por “And Their Children After Them” (1989), livro sobre os descendentes das famílias retratadas em “Elogiemos Os Homens Ilustres”. “Henry Luce, o dono da Fortune, decidira mudar o tom: não queria mais reportagens longas e sociológicas.”

 

Washing.  Walker Evans/ Library of Congress

Washing. Walker Evans/ Library of Congress

 

Fundador das revistas Time e Life, Luce promoveu um retrato otimista da classe média e defendeu o intervencionismo externo dos EUA. A linha editorial da Fortune visava “exaltar os que contribuíram para a racionalização da indústria e do comércio”, escreve Alan Brinkley, biógrafo de Luce.

 

Negro Children. Walker Evans/ Library of Congress

Negro Children. Walker Evans/ Library of Congress

 

Agee denunciou em “Cotton Tenants” as injustiças socioeconômicas de um país onde conviveriam “o capitalismo” e “o feudalismo”. “Uma civilização que pode existir somente se colocar a vida humana em desvantagem não é digna desse nome”, ele afirma na introdução. Agee comparou ao “percevejo” e ao “câncer” quem se aproveita dos outros e acredita estar certo.

Tao Lin talks about his work

CHECK A PIECE ABOUT TAO LIN, A WRITER BASED IN NEW YORK

14/10/2013 – 12h00

Escritor Tao Lin ganha status de porta-voz da geração digital com nova obra

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Tao Lin comporta-se como um iconoclasta desde a sua estreia em 2006 com o livro de poesia “you are a little bit happier than i am”. Lin ganhou intensa publicidade quatro anos depois, ao satirizar uma capa da revista Time sobre Jonathan Franzen, classificado de “grande romancista americano”. Ele escreveu um perfil de si mesmo para o semanário The Stranger, em que ressaltou a ideia de que nenhum escritor merece reverência.

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Recentemente, Lin publicou “Taipei”, seu sétimo livro e o primeiro por uma editora que não é independente. Lançado pela Vintage, do grupo editorial Random House – o maior do mundo –, o romance foi debatido em publicações voltadas para leitores diversos, do Financial Times à Vice.

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“Taipei”, sua obra mais autobiográfica, narra a trajetória de Paul dos 26 aos 28 anos, um indivíduo solitário que mora em Williamsburg, região do Brooklyn considerada a meca dos hipsters. O protagonista passa horas a fio diante da tela de um MacBook, enquanto faz visitas obsessivas ao Twitter, Tumblr, Facebook, Gmail.

Os críticos elegeram Lin a voz dos jovens de 20 e poucos anos crescidos com as mídias sociais. “Taipei” transformou o seu autor “no prosador mais interessante da sua geração”, segundo o escritor Bret Easton Ellis.

“Esta não é a minha estreia no cânone”, diz Lin, 30. Ele reclama que as avaliações sobre “Taipei” revelam mais as crenças dos resenhistas do que o conteúdo do romance. “Meu livro com frequência é totalmente ignorado”, afirma. “Quem o comenta está expondo a sua visão sobre a minha personalidade ou abstrações como ‘jovens’ e ‘indivíduos depressivos’”.

Lin rejeita ser entronizado como representante geracional apenas porque é novo e tem um grupo ardente de seguidores. Em entrevista à Folha, sugere que gostaria de ser associado não a uma geração, mas a uma tradição literária com raízes nas obras de Ernest Hemingway, Knut Hamsun e Robert Musil.

Lin cita os escritores Ann Beattie, Frederick Barthelme e Joy Williams como influências principais. Sente-se à vontade entre os ficcionistas do Kmart realism, termo cunhado nos anos 1980 para definir uma ficção minimalista focada na desintegração da esfera pública em favor da dominação da vida privada pelo consumismo.

“Imagino por que um editor, vendo que as críticas ao meu trabalho começam com dois parágrafos sobre a minha vida, não pergunta ao resenhista: ‘Você pode se ater ao livro’?”. Lin, porém, entende a atitude. “Se o editor espera aumentar a audiência da sua publicação, a resenha precisa abordar a privacidade do escritor.”

Tao Lin, de 30 anos, fotografado por Noah Kalina

Tao Li, de 30 anos, fotografado por Noah Kalina

Lin fala abertamente sobre as drogas que consome. Ele foi detido em 2008 por furtar um fone de ouvido de uma loja da New York University, onde estudou jornalismo. Parte da sua renda vinha do roubo de produtos como pilhas, depois vendidos no eBay.

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Ao escrever “Taipei”, ele tomou até 120 miligramas de Adderall, um estimulante, para manter-se acordado por 36 horas. É o mesmo, entre outros remédios, usado por Paul, o protagonista, definido pela crítica como alienado de tudo, menos das drogas e da tecnologia.

O personagem sai do Brooklyn, passa por Las Vegas e Canadá antes de chegar a Taiwan, a terra natal dos pais de Lin. Segundo o escritor, o amadurecimento de Paul foi confundido com alienação. “Paul se acostumou com o próprio desespero. Ele tenta viver com o tempo uma existência mais calma e satisfatória.”

Reflexão sobre a liberdade

Leia uma reportagem sobre o ilustrador Shel Silverstein

Check a piece about the illustrator Shel Silverstein

 

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As origens de Philip Roth

Leia reportagem sobre o aniversário de 80 anos de Philip Roth

Check a piece about Philip Roth’s 80th birthday

 

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Aos 80 anos, completados na próxima terça, escritor americano Philip Roth se revela em documentário e exposição de fotos

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE NOVA YORK

O escritor americano Philip Roth diz ter “duas grandes calamidades para enfrentar”, enquanto lida com as exigências da velhice. Uma é a sua morte. A outra, a sua biografia. “Vamos esperar que a primeira chegue primeiro.”

A afirmação jocosa é feita na abertura de “Philip Roth: Unmasked”, documentário dirigido por Livia Manera e William Karel.

Em conjunto com uma exposição de fotografias do ficcionista e uma conferência da The Philip Roth Society -centro de estudos sobre o autor-, o filme marca o seu aniversário de 80 anos, a ser comemorado na próxima terça.

Embora tenha cultivado por décadas um comportamento reservado, Roth decidiu expor detalhes da sua vida pessoal. Ele explica que é melhor fazê-lo agora, pois ainda pode exercer certo controle sobre a sua história.

Pelo mesmo motivo, Roth começou a colaborar com Blake Bailey, designado no ano passado para ser o autor da sua biografia autorizada.

“Nos últimos anos Roth tem se mostrado mais confortável com o fato de ser uma celebridade literária”, diz Aimee Pozorski, presidente da The Philip Roth Society. “Ele se cerca de amigos confiáveis e isso o acalma quando está sob escrutínio do público.”

A fama de Roth teve início em 1969, quando publicou “O Complexo de Portnoy”. Além de acusado de antissemita, ele foi associado ao protagonista Alexander Portnoy, causador de escândalo por falar abertamente de sexo.

À época, era comum o escritor sair à rua e ser chamado de Portnoy. A partir dali Roth seria confundido com os seus personagens -como o protagonista do romance “Homem Comum”, um dos retratos cortantes sobre a velhice criados pelo autor.

Criador de uma ficção de conteúdo autobiográfico, ele é hoje considerado o maior escritor americano vivo.

“Philip Roth: Unmasked” resulta de quase 15 horas de entrevistas feitas por Manera entre 2010 e 2012.

Além de amigos de infância do autor, dão depoimentos no documentário a atriz Mia Farrow, os escritores Jonathan Franzen, Nicole Krauss e Nathan Englander.

O filme será exibido pelo canal americano PBS no dia 29 deste mês e será lançado em DVD a partir de abril.

Roth revela ter cinco pessoas de confiança para quem envia os manuscritos dos seus livros. “Elas dizem as suas impressões num gravador e depois, sozinho, eu as transcrevo”, explica o escritor.

Ele avalia essas opiniões e faz as revisões de pé, debruçado sobre uma mesa alta. “Estar de pé”, ele conta, “libera a imaginação”.

 

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Liz & Dick

Leia reportagem sobre o relacionamento de Elizabeth Taylor e Richard Burton

Read a piece about the relationship between Elizabeth Taylor and Richard Burton

 

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