Category Archives: jornalismo

A conversation about cultural appropriation in rap

CHECK A PIECE ABOUT HIP-HOP AND RACE

 

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The trip that changed the creator of gonzo journalism

CHECK A STORY ABOUT THE JOURNEY OF HUNTER S. THOMPSON THROUGH SOUTH AMERICA

 

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Who won and who lost in America’s decline

CHECK A PIECE ABOUT THE UNWINDING BY GEORGE PACKER

 

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Women and comedy in America

CHECK A PIECE ABOUT FEMALE COMEDIANS

 

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Magnum’s photos and the tension between art and journalism

CHECK A PIECE ABOUT MAGNUM

 

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The communitarian vision of America

CHECK A PIECE ABOUT NORMAN ROCKWELL

 

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Paths of wars

CHECK A PIECE ABOUT WAR/PHOTOGRAPHY, A BROOKLYN MUSEUM EXHIBITION

 

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Let the writers speak freely

CHECK A PIECE ABOUT JOHN FREEMAN, AUTHOR OF HOW TO READ A NOVELIST

 

Por Francisco Quinteiro Pires, para O Valor, de Nova York

Preocupado com a falta de tempo e de concentração, o crítico americano John Freeman desenvolveu uma relação cautelosa com a tecnologia. “Quando estou à espera de uma resposta importante, desligo o meu iPhone para não checar os e-mails”, diz. Ex-editor da revista literária “Granta” e autor de “The Tyranny of E-mail” (2009), livro a favor do uso econômico do correio eletrônico, Freeman não chega perto do computador antes de tomar o café da manhã.

“A mente ainda está fresca, não é bom distraí-la com informações fragmentadas sobre o mundo”, afirma. Embora esteja se acostumando com o hábito de ler em um tablet, ele prefere imprimir os livros e os textos recebidos por e-mail. “Em viagens de avião, quando consigo estar desconectado até da internet, costumo carregar comigo cerca de 9 kg de papel impresso”, conta. “Tomo cuidado para não espalhar as folhas pelo corredor.”

 

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Ao embarcar para o Brasil, onde participou da 16ª Bienal Internacional do Livro do Rio, Freeman levou na bagagem de mão quatro livros (um de poesia, outro de contos, um romance e um volume de ensaios). “Quando canso de um gênero, posso pular para outro”, diz o crítico, sobre seu método de leitura. Na bienal, relatou a experiência de traduzir a ficção brasileira recente. Sob o comando de Freeman entre outubro de 2009 e julho deste ano, a “Granta” passou a publicar 12 edições estrangeiras em 11 idiomas, entre eles o português.

Lançada em novembro nos Estados Unidos e no Reino Unido, a “Granta 9 – Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros” desafiou, segundo Freeman, “o provincianismo da língua inglesa”. Esse volume lidou com dois obstáculos à publicação da literatura nacional no mercado anglo-saxônico: o custo da tradução e a necessidade de um rótulo. “À exceção de Machado de Assis e Clarice Lispector, que foram traduzidos e estudados, os brasileiros não tiveram espaço porque não foram incluídos entre os integrantes do boom latino-americano.”

Capa Granta 11.inddEnquanto Freeman esteve no Rio, dois livros com a sua assinatura chegaram às livrarias brasileiras: “Como Ler um Escritor” e “Granta 11 – Os Melhores Jovens Escritores Britânicos”. Publicado pela Alfaguara, esse número da “Granta” (440 págs., R$ 49,90) é o penúltimo editado pelo crítico. Freeman deixou o cargo de editor da revista londrina depois de Sigrid Rausing, a proprietária do periódico e herdeira da multinacional Tetra Pak, anunciar cortes no orçamento. Desde então, parou de dividir o seu tempo entre Londres e Nova York. Mora hoje em um apartamento amplo no Chelsea, em Manhattan, onde organizou uma biblioteca de cerca de 9 mil volumes e escreveu o seu primeiro livro de poesia, previsto para ser lançado em 2014. Começou também a lecionar na Columbia University.

“Granta 11” reúne 20 autores britânicos de até 40 anos. É a primeira de quatro edições, lançadas a cada dez anos desde 1983, a escolher mais mulheres (12) do que homens (8). Integrantes da lista de 2003, Zadie Smith e Adam Thirlwell foram novamente selecionados. “Granta 11” apresenta um elenco cuja relação com a ideia de nacionalidade é complexa. Um dos autores, a paquistanesa Kamila Shamsie, havia apenas iniciado o processo de obtenção da cidadania britânica. Três têm ascendência africana (Taiye Selasi, Nadifa Mohamed e Helen Oyeyemi). Xiaolu Guo nasceu na China e Sunjeev Sahota é filho de indianos seguidores do siquismo. Os escritos de Nadifa e Benjamin Markovits apresentam personagens que não nasceram na Grã-Bretanha.

O cosmopolitismo pode levar a um debate sobre o que significa ser britânico atualmente. “Vislumbrávamos esse resultado”, diz Freeman, um dos sete jurados da edição. “O romance é um gênero social, por isso tem de estabelecer uma conexão com a realidade.” Se os suplementos literários da Inglaterra ainda prestam mais atenção a autores londrinos e brancos, eles ignoram a diversidade dos novos ficcionistas, de acordo com o crítico.

Capa Como ler um escritor.inddAo mesmo tempo, Freeman acha perigosa a obsessão pela nacionalidade. “Todos vêm de algum lugar – esse fato tem de ser levado em conta”, afirma. A origem de quem escreve, porém, não pode ser uma camisa de força para o leitor ou o crítico. “Por exemplo, antes de James Baldwin ser americano, negro ou homossexual, ele é um escritor.” Freeman cita uma das seis regras da crítica literária estabelecidas por John Updike (1932-2009), para quem um resenhista deve analisar “o livro, não a reputação” de quem escreve. “Tente entender o que o autor desejou realizar e não o culpe por não alcançar o que ele não tentou”, escreveu Updike. A fim de ser justo, Freeman se preocupou em seguir essa norma nas entrevistas com 55 ficcionistas reunidas em “Como Ler um Escritor” (Objetiva, trad. Helena Londres, 312 págs., R$ 49,90).

“Quando converso com um autor, busco ao máximo me apagar nessa relação”, afirma o crítico, nascido em 1974. Se um entrevistador aparece demais, ele corre o risco de se tornar “pomposo”. O recurso de Freeman, ao entrevistar Toni Morrison, David Foster Wallace, Haruki Murakami, Jonathan Franzen, Norman Mailer, Orhan Pamuk, Doris Lessing e outros foi deixá-los falar livremente, como se estivessem pensando em voz alta.

Ele não gosta de fazer perguntas que soam como um confronto. Chama de “falácia” a tentativa de um jornalista ou crítico de associar o próprio trabalho ou problemas particulares a uma obra de ficção. Freeman aprendeu essa lição durante uma conversa com Updike em 2005. Enquanto perguntava sobre “Still Looking”, um volume de ensaios de Updike sobre arte americana, Freeman confessou estar se divorciando. A entrevista degringolou com a revelação. Ele define aquela atitude como “quebra de privacidade”, pois tentou recorrer a Updike, tema da sua dissertação de mestrado e por muito tempo o seu ídolo maior, para lidar com uma desilusão amorosa.

Freeman acha mais importante focar a obra literária. Para ele, a ficção tem a capacidade de mudar a imaginação dos indivíduos e assim expandir a sua noção do que é possível. Ele acredita que a literatura proclama a verdade perante o poder. “Ela ajuda a decidir o significado do espaço habitado pelos seres humanos ao abordar ansiedades e noções de status e pertencimento”, diz. Se renunciam a essa autonomia, as pessoas dependem cada vez mais do desempenho de instituições como o Estado. Essa dependência, segundo Freeman, pode se revelar nociva.

James Agee’s moral effort against social and economic injustice

CHECK A PIECE ABOUT COTTON TENANTS, THREE FAMILIES BY JAMES AGEE

22/08/2013 – 12h32
Reportagem de James Agee que inspirou livro clássico é publicada na íntegra nos EUA

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Sob a encomenda da revista Fortune, em 1936 James Agee viajou com o fotógrafo Walker Evans para o Alabama. Ali escolheu três famílias de meeiros brancos que cultivavam algodão e escreveu sobre as suas condições miseráveis de vida. A Fortune nunca publicou a reportagem de Agee.

 

Floyd Burroughs and Tingle Children.  Walker Evans/ Library of Congress

Floyd Burroughs and Tingle Children. Walker Evans/ Library of Congress

 

Cinco anos depois, essa experiência no Sul dos Estados Unidos veio à tona com a publicação de “Elogiemos Os Homens Ilustres”, livro transformado em clássico nos anos 1960. Surgiram desde então duas suposições: ou a matéria de 1936 não foi finalizada ou ela era jornalisticamente impublicável.

O lançamento recente de “Cotton Tenants, Three Families” (Melville House) esclarece a dúvida. Editado por John Summers, o volume reúne a íntegra da reportagem de Agee recusada pela Fortune.

Summers refuta a hipótese de que o texto não seria jornalístico. “Essa ideia é possível se assumirmos a abordagem tacanha e a hostilidade à boa escrita como prerrogativas do jornalismo”, diz.

Editor da revista The Blaffer, Summers soube da reportagem, guardada na casa de Agee em Nova York, depois de o acervo do jornalista e escritor americano ser transferido em 2010 para a University of Tennessee.

 

William Fields. Walker Evans/ Library of Congress

William Fields. Walker Evans/ Library of Congress

 

“O manuscrito apresenta um estilo jornalístico praticado nos anos 1930”, diz David Whitford, editor da Fortune. “É um grande mistério não ter sido publicado.” Para ele, “Cotton Tenants”, por ser uma reportagem, difere muito de “Elogiemos Os Homens Ilustres” (Companhia das Letras), “um livro quase impenetrável, marcado pelos numerosos detalhes, pela poesia, pelo fluxo de consciência e pela meditação espiritual”.

Segundo Whitford, a Fortune que em 1932 contratou Agee – repórter cuja “orientação política tinha mais a ver com a do Partido Comunista – não receava propor questionamentos radicais”.

 

Floyd Burroughs, Jr. Walker Evans/ Library of Congress

Floyd Burroughs, Jr. Walker Evans/ Library of Congress

 

Em uma carta de 18 de junho, redigida dois dias antes de viajar para o Alabama, Agee mencionou “dúvidas consideráveis” sobre “a má vontade da Fortune” em relação à sua reportagem.

“A causa principal da recusa foi a substituição dos editores da revista enquanto Agee estava no Sul”, conta Dale Maharidge, professor da Columbia University e ganhador do Pulitzer Prize por “And Their Children After Them” (1989), livro sobre os descendentes das famílias retratadas em “Elogiemos Os Homens Ilustres”. “Henry Luce, o dono da Fortune, decidira mudar o tom: não queria mais reportagens longas e sociológicas.”

 

Washing.  Walker Evans/ Library of Congress

Washing. Walker Evans/ Library of Congress

 

Fundador das revistas Time e Life, Luce promoveu um retrato otimista da classe média e defendeu o intervencionismo externo dos EUA. A linha editorial da Fortune visava “exaltar os que contribuíram para a racionalização da indústria e do comércio”, escreve Alan Brinkley, biógrafo de Luce.

 

Negro Children. Walker Evans/ Library of Congress

Negro Children. Walker Evans/ Library of Congress

 

Agee denunciou em “Cotton Tenants” as injustiças socioeconômicas de um país onde conviveriam “o capitalismo” e “o feudalismo”. “Uma civilização que pode existir somente se colocar a vida humana em desvantagem não é digna desse nome”, ele afirma na introdução. Agee comparou ao “percevejo” e ao “câncer” quem se aproveita dos outros e acredita estar certo.