Bob Dylan, objeto de grande paixão 2

“Historiador residente” do site oficial de Bob Dylan, Sean Wilentz continua atrás das bitucas rejeitadas pelo ídolo no seu novo livro, elogiado por Martin Scorsese e Philip Roth. Professor da Princeton University, ele é capaz de selecionar detalhes da carreira de Dylan, dando-lhes significados profundos. É histórica a sua ligação com o compositor, que o chamou para escrever o encarte de The Bootleg Series, Vol. 6: Bob Dylan Live 1964, Concert at Philharmonic Hall. A família de Wilentz administrou a 8th Street Bookshop. Localizada no Greenwich Village, em Nova York, a livraria era frequentada por beatniks e apreciadores de música folk.

Wilentz conta ter sentido o magnetismo de Dylan em duas ocasiões. A primeira foi o show de 1964 no Philharmonic Hall, visto por ele quando tinha 13 anos. E a segunda, com a capa do disco Freewheelin’ Bob Dylan (1963), em que o compositor aparece com Suze Rotolo, então sua namorada. “A visão dessa imagem causou mais excitação em mim do que ter visto as páginas da Playboy quando era adolescente”, confessa.

O primeiro capítulo aborda as origens artísticas de Dylan. A novidade, segundo Wilentz, é mostrar a importância do compositor erudito Aaron Copland. Como Copland trabalhou com música folk nos anos 1930 e 1940, ele teria depositado a semente do revival folk dos anos 1960, a melhor fase de Dylan, segundo o historiador.

“A carreira dele é uma peregrinação instável, com altos e baixos, incluindo um período prolongado, os anos 1980, em que ele admite que seu trabalho andou em círculos.” Wilentz evita abordar os maus momentos do compositor. Prefere comentar os anos recentes conduzido pelo seguinte alerta: “o maior desafio para quem aborda a obra de Dylan é entender a combinação paradoxal de tradição e rebeldia.”

Os dois autores parecem falar mais de si mesmos do que de Bob Dylan. Esse egocentrismo é efeito da impossibilidade de penetrar o sentido de um enigma. Dylan é um camaleão – varia a cor, mas não muda a forma. O que ele fala sobre si mesmo continua sendo a melhor fonte para entendê-lo.

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