CHECK A PIECE ABOUT THE PHOTOGRAPHER GARRY WINOGRAND
Leia reportagem sobre o aniversário de 80 anos de Philip Roth
Check a piece about Philip Roth’s 80th birthday
Aos 80 anos, completados na próxima terça, escritor americano Philip Roth se revela em documentário e exposição de fotos
FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE NOVA YORK
O escritor americano Philip Roth diz ter “duas grandes calamidades para enfrentar”, enquanto lida com as exigências da velhice. Uma é a sua morte. A outra, a sua biografia. “Vamos esperar que a primeira chegue primeiro.”
A afirmação jocosa é feita na abertura de “Philip Roth: Unmasked”, documentário dirigido por Livia Manera e William Karel.
Em conjunto com uma exposição de fotografias do ficcionista e uma conferência da The Philip Roth Society -centro de estudos sobre o autor-, o filme marca o seu aniversário de 80 anos, a ser comemorado na próxima terça.
Embora tenha cultivado por décadas um comportamento reservado, Roth decidiu expor detalhes da sua vida pessoal. Ele explica que é melhor fazê-lo agora, pois ainda pode exercer certo controle sobre a sua história.
Pelo mesmo motivo, Roth começou a colaborar com Blake Bailey, designado no ano passado para ser o autor da sua biografia autorizada.
“Nos últimos anos Roth tem se mostrado mais confortável com o fato de ser uma celebridade literária”, diz Aimee Pozorski, presidente da The Philip Roth Society. “Ele se cerca de amigos confiáveis e isso o acalma quando está sob escrutínio do público.”
A fama de Roth teve início em 1969, quando publicou “O Complexo de Portnoy”. Além de acusado de antissemita, ele foi associado ao protagonista Alexander Portnoy, causador de escândalo por falar abertamente de sexo.
À época, era comum o escritor sair à rua e ser chamado de Portnoy. A partir dali Roth seria confundido com os seus personagens -como o protagonista do romance “Homem Comum”, um dos retratos cortantes sobre a velhice criados pelo autor.
Criador de uma ficção de conteúdo autobiográfico, ele é hoje considerado o maior escritor americano vivo.
“Philip Roth: Unmasked” resulta de quase 15 horas de entrevistas feitas por Manera entre 2010 e 2012.
Além de amigos de infância do autor, dão depoimentos no documentário a atriz Mia Farrow, os escritores Jonathan Franzen, Nicole Krauss e Nathan Englander.
O filme será exibido pelo canal americano PBS no dia 29 deste mês e será lançado em DVD a partir de abril.
Roth revela ter cinco pessoas de confiança para quem envia os manuscritos dos seus livros. “Elas dizem as suas impressões num gravador e depois, sozinho, eu as transcrevo”, explica o escritor.
Ele avalia essas opiniões e faz as revisões de pé, debruçado sobre uma mesa alta. “Estar de pé”, ele conta, “libera a imaginação”.
Leia entrevista com Carla Körbes, primeira-bailarina do Pacific Northwest Ballet
Check an interview with Carla Körbes, a principal dancer at the Pacific Northwest Ballet
Carla Körbes tem os Estados Unidos a seus pés. Aos 31 anos, no auge da carreira, a bailarina brasileira é unanimidade entre a crítica americana. “Quando ela dança, o tempo para”, publicou a revista “Vanity Fair”. “Reconhecida como uma das bailarinas mais notáveis da América, ela é uma mulher encantadora com cabelos volumosos de fios dourados, uma voz de sotaque delicado e um senso de humor seco”, descreveu reportagem do “The New York Times”. “Ela é a melhor coisa vinda de Seattle depois do Starbucks”, brincou o “New York Post”.
O elogio bem-humorado do tabloide nova-iorquino se refere à cidade-sede da rede de cafés e do Pacific Northwest Ballet (PNB), companhia onde Carla é primeira-bailarina desde 2006. No meio do mês, a brasileira esteve em Nova York para apresentações que celebraram os 40 anos do PNB. Dançou “Apollo” (coreografia de George Balanchine) e “Romeu e Julieta” (Jean-Christophe Maillot) no New York City Center. Ao avaliar essas performances, Alastair Macaulay, o crítico sênior de dança do “Times”, reforçou uma vez mais sua admiração por ela. “Quando Carla Körbes representa Terpsícore em ‘Apollo’, a companhia mostra uma bailarina com quem todos os praticantes de balés do Balanchine podem hoje aprender.”
O retorno a Manhattan é significativo para Carla, pois ali ela desenvolveu a sua trajetória bem-sucedida. Quando estreou nos palcos do New York City Ballet (NYCB), 12 anos atrás, suas qualidades logo chamaram a atenção. Os especialistas exaltaram o fato raro de ela ser uma “bailarina lírica”. “Lirismo significa dançar conforme a música”, afirma Carla em entrevista ao Valor. “O jeito de mexer os braços é mais lento, redondo, solto. Não há movimentos bruscos.” Essa característica se transformaria, segundo Macaulay, “na representação de uma beleza elegante” que atualmente “é inigualável” nos EUA.
Antes de entrar no NYCB, Carla estudou na School of American Ballet, a escola da companhia nova-iorquina. Ela se mudou para Nova York em 1996, após ser descoberta por Peter Boal em visita ao Ballet Vera Bublitz, em Porto Alegre. Na ocasião, Boal, a estrela do NYCB, e Carla, então com 14 anos, dançaram “Apollo”. “Boal disse: ‘Essa garota tem muito talento. Ela tem de sair [do país] imediatamente, e não só quando completar 18 anos'”, recorda Carla.
Não cogitava mudar-se para os EUA. Os planos eram terminar o ensino médio e, quem sabe, fazer audições na Europa. Na verdade, quando Carla pensava em Nova York, o American Ballet Theater (ABT) vinha à sua mente. “Eu me imaginava dançando clássicos como ‘O Lago dos Cisnes’ e ‘A Bela Adormecida’.”
Fundado em 1937 e considerado o representante da tradição, o ABT ganhou um contraponto no NYCB, criado dez anos depois por Balanchine em parceria com o empresário americano Lincoln Kirstein para ser um espaço de experimentação. Nascido na Rússia, Balanchine (1904-1983) ampliou a linguagem clássica, ao intensificar elementos básicos do vocabulário do balé e moldar os passos dos bailarinos de acordo com o tempo musical. A música é fundamental nas coreografias de Balanchine, como provam seus trabalhos bem-sucedidos com o compositor Igor Stravinsky (1882-1971), associação que mudou a história do balé no século XX.
“Para mim foi fácil, pois cresci com música clássica em casa”, diz Carla, que começou a dançar aos 5 anos. “Mas a minha mãe só me deixou fazer a audição para a School of American Ballet em 1996, porque pensou que eu não ia passar.” Sem falar inglês quando chegou, Carla cumpriu a primeira temporada de treinamentos. “Pude continuar porque Alexandra Danilova doou em testamento uma herança para manter os meus estudos na escola.” Bailarina e professora, Alexandra Danilova (1903-1997) foi celebrada pela versatilidade de movimentos, as pernas “fotogênicas” e a presença de palco intensa. Ela e Balanchine deixaram a União Soviética em 1924, foram namorados e com outros dançarinos fizeram a companhia nova-iorquina progredir. “De certo modo, eu trato as audiências americanas como minhas crianças, pois ajudei a educá-las”, Alexandra escreveu em sua autobiografia.
O encantamento de Carla com as coreografias do NYCB foi imediato. “O balé pode ser um pouco rígido, seja na postura da cabeça ou no movimento das mãos e dos braços. Balanchine liberou os bailarinos”, diz. “Outra vantagem é o corpo de baile com seu estilo mais dinâmico e atuante.” A maior qualidade de Carla, porém, se tornou o anúncio de um obstáculo. Como foi entendida como bailarina lírica, ela poderia representar somente personagens com essa característica. “Percebi que depois de dez anos, mesmo sendo promovida, eu faria sempre os mesmos papéis.”
Em 2006, um ano após se tornar solista do NYCB, Carla foi contratada pelo Pacific Northwestern. “Desejava ser uma bailarina mais completa.” A decisão pareceu inconsequente, afinal Nova York é um dos centros mundiais do balé. “Depois de ser a primeira brasileira a entrar no NYCB e formar uma audiência em seis anos de atuação, eu me mudei para um novo ambiente, onde de novo tive de provar o meu talento. A sensação era igual à de começar do zero.” Outro problema para o recém-chegado é a temida competição, “necessária, mas só válida se construtiva”. “As outras bailarinas se sentiram ameaçadas porque achavam que iam perder o lugar para alguém mais talentoso.”
No PNB, sob a direção de Boal, Carla dança os trabalhos de coreógrafos mais dinâmicos – William Forsythe e Merce Cunningham – e clássicos como “O Lago dos Cisnes”, “O Quebra-Nozes” e “Dom Quixote”. Em Seattle, ela aliou a tradição à modernidade. As diferenças entre o apego ao passado e a tendência à inovação costumam causar conflitos no universo competitivo do balé. Esse tipo de embate permeia a briga atual por poder no Balé Bolshoi.
O diretor artístico Sergei Filin, introdutor de coreografias contemporâneas na companhia russa, sofre a oposição de Nikolai Tsiskaridze, bailarino influente contrário à modernização do repertório. Na etapa mais violenta do choque de interesses dentro do Bolshoi, Filin sofreu sérias queimaduras quando, em janeiro, um desconhecido jogou ácido sulfúrico no seu rosto. Na passagem por Nova York, Carla encontrou David Hallberg, o primeiro bailarino americano a integrar a companhia russa. “Estava arrasado com os últimos acontecimentos”, diz. “Esse escândalo contraria o propósito do balé: trazer beleza ao mundo.”
http://www.valor.com.br/cultura/3027346/lirismo-em-movimento#ixzz2NLkZfrlL
Leia reportagem sobre o legado do coreógrafo Merce Cunningham. Publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 27 de dezembro de 2011
Check a piece about the Merce Cunningham’s artistic legacy published by Folha de S. Paulo on December 27th 2011
Legado do coreógrafo Merce Cunningham permanecerá nos palcos
FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NY
Antes de morrer em 26 de julho de 2009, o coreógrafo e bailarino Merce Cunningham planejou a preservação da sua obra. Mesmo definindo a dança como “água que escorre pelos dedos, uma substância que logo desaparece”, ele desejou eternizar movimentos criados em mais de 65 anos de carreira.
O primeiro passo soa contraditório: o fim da Merce Cunningham Dance Company em 31 de dezembro, quando apresenta a coreografia de “Events” no Park Avenue Armory, em Manhattan.
Fundada em 1953, a companhia faz a última performance após quase dois anos na estrada com a série The Legacy Tour. Desde fevereiro de 2010, mais de 150 apresentações de 18 coreografias –algumas fora do palco há décadas– foram realizadas em 50 cidades da América do Norte, Ásia e Europa.
“Cunningham decidiu fechar a companhia porque não queria dançarinos que não foram treinados por ele”, diz Trevor Carlson, diretor-executivo da Merce Cunningham Dance Company. “Ele imaginou uma companhia-museu.”
Trevor Carlson cita Martha Graham para explicar o pioneirismo de Cunningham (1919-2009).
Em 1926, a coreógrafa fundou a sua companhia, hoje a mais antiga em funcionamento nos Estados Unidos. “Após Martha morrer, em 1991, o seu grupo aceitou dançar obras de outros coreógrafos.”
Cunningham, ao contrário, decidiu que sua companhia deveria encerrar as atividades no próximo dia 31 de dezembro, dois anos após sua morte. “É preciso, porém, deixar claro: não é o fim das coreografias de Cunningham”, diz Carlson. “Há pelo menos 40 anos, outros grupos vêm apresentando as suas criações. O seu repertório continuará nos palcos.”
Cunningham previu duas medidas para a preservação de sua obra: a criação de “cápsulas de dança” e auxílio financeiro aos dançarinos.
As cápsulas são arquivos digitalizados que reúnem vídeos das coreografias e anotações do coreógrafo. Amante da tecnologia, Cunningham usou o programa de computador Life Forms para criar sua arte nos anos 1990. Também adotou a técnica de captação de movimentos na peça “Biped” (1999).
Segundo Carlson, no próximo ano começa o licenciamento dos espetáculos para outras companhias. A decisão sobre direitos autorais se concentra no Merce Cunningham Trust, fundado em 2000, cuja sede será transferida para o New York City Center, onde haverá aulas sobre a técnica de Cunningham.
“Existe um compromisso financeiro para apoiar a transição dos dançarinos. Garantimos a eles salários por até quatro anos”, diz Carlson. “Cada um é livre para decidir o que vai fazer.”
Carlson enfatizou a oferta de planos de saúde para os 15 dançarinos, sempre sujeitos a contusões. “Tratamento médico nos EUA é caríssimo. Deixar um dançarino arcar com isso se tornaria um fardo.”
DESPEDIDA
Às vésperas das performances no Park Avenue Armory, a atmosfera na companhia não é de desolação. “Estamos orgulhosos apenas.” Criado para o galpão de 5.000 m² do Armory, “Events” terá seis apresentações, de 45 minutos cada uma, entre os dias 29 e 31 deste mês.
Trata-se de uma colagem de outras coreografias de Cunningham organizada por Robert Swinston para ocupar simultaneamente três palcos. A cargo de Daniel Arsham, o cenário vai exibir fotos de nuvens reproduzidas em larga escala e tiradas pela janela do avião, enquanto a companhia viajava.
Compostas por Takehisa Kosugi, David Behrman, John King e Christian Wolff, as músicas de “Events” serão executadas em sequências diferentes a cada performance. A pedido de Cunningham, os ingressos custam US$ 10 (cerca de R$ 18).
Merce Cunningham cultivou parceiros como John Cage e Radiohead
FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NY
Dançar com Merce Cunningham, conta Patricia Lent, era uma experiência “estranha”. “Havia silêncio no estúdio. Dançávamos sem música, figurino e cenário. Ele mostrava um conjunto de movimentos e, de repente, parava o cronômetro: era só o tempo de percebermos fisicamente a sua proposta.”
Dançarina da companhia entre 1984 e 2003, Patricia é diretora de licenciamento do repertório, composto por mais de 200 coreografias.
“Ele decidia ao acaso quais frases seriam simultâneas e quais sucederiam umas as outras”, diz. “No começo, tudo parecia arbitrário. Depois, surgia um senso de coerência, em que a sorte era a responsável por criar e resolver os problemas impostos pela criação.”
AUTONOMIA
Merce Cunningham liberou a dança da sua tradicional dependência da música. Também deu autonomia à produção de figurino e cenário. Assim, influenciou o trabalho dos coreógrafos Paul Taylor, Viola Farber, Karole Armitage, Twyla Tharp e Mark Morris.
Os elementos do espetáculo se encontravam somente às vésperas da apresentação. “Ninguém sabia o que o outro estava fazendo até ser tarde demais. Isso é doloroso, mas estimulante”, disse Robert Rauschenberg (1925-2008), pintor, escultor e ex-diretor artístico da companhia.
Esse processo se estabeleceu com “Suite by Chance” (1953), um dos frutos da parceria –que durou meio século– com o compositor John Cage (1912-1992). Cunningham adotou o acaso por influência de Cage, apreciador do livro chinês “I Ching”.
Autor de “Merce Cunningham, The Modernizing of Modern Dance” (2004), Roger Copeland defende a importância da colaboração para a arte do coreógrafo. “Havia uma sensibilidade compartilhada”, escreve.
Além de Cage e Rauschenberg, Cunningham teve como principais colaboradores o músico David Tudor (1926-1996) e o artista Jasper Johns. Na década passada, trabalhou com as bandas Radiohead e Sonic Youth.
Dançarino da companhia de Martha Graham entre 1939 e 1945, ele se afastou da técnica primitivista da coreógrafa. Para Cunningham, a dança não representava nada além de si mesma. “O seu legado é o da liberdade curiosa em relação aos movimentos variados do corpo”, diz Trevor Carlson, diretor-executivo da companhia.
Se paradoxos não existissem na vida cotidiana, bem difícil seria acreditar na sua falta de lógica. À medida que o tempo passa, parece aumentar o sentido da máxima criada por Giuseppe Tomasi di Lampedusa no livro Il Gattopardo. As coisas mudam para permanecer as mesmas. Esse retrato de relações engessadas apareceu há 20 anos em Jungle Fever (1991), filme de Spike Lee.
O longa-metragem relata a relação complicada, condenada à falência, de Flipper Purify (Wesley Snipes) e Angie Tucci (Annabella Sciorra). O primeiro é um afro-americano, morador do Harlem, norte de Manhattan ou uptown. A segunda é uma ítalo-americana, morada de Bensonhurst, sul do Brooklyn. Quando começam a se relacionar – ele é casado -, transformam-se em párias tanto para os familiares quanto para a sociedade.
O retrato de Spike Lee é amargo, contundente. Na sua observação atenta, ele cria ambientes familiares em que se exibem os preconceitos e equívocos dos personagens, além das relações miúdas, realizadas no espaço das ruas.
O irmão de Flipper é Gator Purify (Samuel L. Jackson), um viciado em crack. O Harlem aparece no filme de Lee como um lugar entregue à própria sorte, onde pedestres chutam cachimbos usados pelos crackheads e são abordados por prostitutas.
Samuel L. Jackson, hoje o ator mais rentável da história do cinema, saíra pouco antes de um programa de reabilitação para fazer o seu papel, premiado, em Jungle Fever. A aparência do personagem era, na verdade, a aparência do ator, debilitado pelo consumo de álcool e drogas. A namorada de Gator, também uma viciada, é feita pela Halle Berry, que teria ficado sem tomar banho por duas semanas para ser Vivian, uma crackhead desbocada.
A fama do Harlem não era nada boa. Mas alguma coisa está acontecendo. Reportagem publicada pelo The New York Times, em 2 de dezembro deste ano, mostra a luta de moradores para impedir a abertura de uma liquor store na Lenox Ave com a 119th Street. (Leia a íntegra em As Tastes Change in Harlem, Old-Look Liquor Store Stirs a Fight).
Essa é uma região conhecida como Mount Morris Park Historic District, onde há townhouses e brownstones históricos, descobertos nos últimos meses pelos guias de turismo. Entre os seus moradores mais antigos está Albert Maysles, documentarista e dono de um cinema na Lenox, entre a 124 e a 125.
Há 20 anos, esses imóveis estavam abandonados. Hoje podem valer até US$ 3 milhões. Um dos restaurantes, Settepani (Lenox e 120), abrigou recentemente a festa de aniversário do ex-presidente Bill Clinton, cujo escritório é na 125th Street.
A controvérsia é que, segundo um dos moradores, para ser uma Park Slope, região descolada do Brooklyn, para onde afluem os hipsters, não pode haver uma loja que vende bebidas e tem anúncios tão cafonas. O Harlem presencia a gentrificação ou valorização imobiliária dos seus apartamentos. Na região, pela qual o 28th Precinct é responsável, a criminalidade caiu 70% nos últimos 20 anos. Em 1990 houve 41 assassinatos. No ano passado foram 6. Alguma coisa parece ter mudado no Harlem, apesar da maldição do Il Gattopardo. Ou a sujeira está sendo só afastada para longe dos olhos para que as mudanças significativas, mais uma vez, permaneçam engessadas?
Leia reportagem sobre as fotografias de Diane Arbus (1923-1971) publicada na edição 673 da revista Carta Capital
Check a piece about the photographs of Diane Arbus (1923-1971) published by Carta Capital magazine